terça-feira, 16 de dezembro de 2014

SOBRE GENTE QUE NÃO É GENTE

Não existem sonhos impossíveis.
O sonho é puro
Terno.
Incapaz de ser imperfeito.
Agora o sonhador
Ah, o filh@daputa do sonhador.
Que tem que arrumar desculpa pra tudo
Que descobriu
O FILTRO
A INSEGURANÇA
O MEDO DO ALHEIO
A COVARDIA
Quem és tu, sonhador?
Bicho medroso
Que envergonha tua própria espécie.
Quem és tu? Que bate no peito por ter um empreguinho de merda
E esconde num baú... O sonho de pintar o rosto.
Me fala!
Quem és tu?
Que se perdeu na covardia?
Que não assume sua harmonia
Que não entra em sintonia
Com o mundo?
Sonhador
Tu não és digno!
Por que não dá teu sonho pra borboleta?
Ou pro peixe?
Olha pra eles, eles não são covardes.
Dá teus sonhos
Venda o seu melhor
Fique com o dinheiro
Afinal, é disso que se trata, não é?
Refém de mercadoria
Retrocedemos a barbárie
E sonho
Fica ali
No fundo escuro da alma
Jogado, maltratado e esquecido
Por um idiota medroso.
Um in sonhador.

INSÔNIA

Cadê o meu sono?
Deve estar perdido, num bucado de remorso
num beijo que deveria ter sido esquecido
num coração que suspira alto
O sono?
Se escondeu nas memórias mais obscuras,
nos meus pensamentos mais horripilantes
Foi lá que ele se escondeu.
Só pra me fazer passar... tim-tim por tim-tim
reviver cada lembrancinha...
Ah, o sono?
Tá brincando de pega-pega
com minha sanidade mental.
Cadê o sono?
Ta cumprimentando uma paixão que não deveria ter vindo a tona
Cadê o sono?
Tá provocando minha insegurança?
Cadê o sono, Paula?
o Sono..
Me despertou de tudo e me deixou com nada
se ao menos despertasse e depois me desse o prazer de esquecer...
Mas não.
Ele me cava toda, desbrota minhas lembrança, pega do fundo do baú os meus medos..
E vai embora.
Fica de lado
me observando
apavorada
sofrida
querendo tirar os pés do chão.
Mas presa a uma realidade ridícula.
Ah, sono! Você me paga por essa!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Eu não sei se a temperatura influencia na paisagem.
Afinal, sou poetisa e não bióloga.
Mas se influenciar eu juro não reclamar do calor nunca mais.

Sol que faz morada em mim...
Deixa o inverno voltar
Que apesar da sua magnitude sem fim
É só o frio que me inspira a amar.



Hoje ele quis se esconder atrás das nuvens...
Meio tímido.. Talvez também estivesse triste.
Apesar de todo seu esforço, brilho. Todo mundo precisa dele! Mas é a Lua que se venera.
Eu não me surpreenderia se um dia, ele não aparecer mais. E ainda escrever com nuvem no céu: FIQUEM COM A LUA!!!! DE MIM NINGUÉM PRECISA MAIS.

É, a gente escreve coisa que a gente ta sentindo...

SOBRE QUEM ERA


Eu era bem melhor...
Mas tudo deu um nó .
Agora eu fico assim
Querendo que a vida
Tenha logo um fim.
Um olhar perdido
Uma vontade exuberante
De ser itinerante.
De ir embora
E não pensar mais nas horas.
Nem no dinheiro...
Nem em nada.
Apenas
Ir ao Sul
Ver o Sol se pôr
Ao lado do guri encantador.
Eu era melhor...



terça-feira, 21 de outubro de 2014

SOBRE CHUVA, GENTE QUE AMA E REVOLUÇÃO

Veio
Lavou o povo
Derreteu a poeira do asfalto.
Essa gente bateu palma
Quando você escorreu
Nos corpos dela.
Deixou marcas de arrependimento.
Nesses tempos de desesperança
Onde a luta se trava
Entre um homem
E uma mulher
AMBOS SECOS
Você veio
Assim sem avisar
Pra molhar
Pra refrescar
Pra esperancear!
Parece ruim
Ver lutas travadas
Por poder...
Onde quem vencer
Jamais o fará por merecer.
Mas te garanto minha cara
Os tempos de revolução
Estão por vir.
O céu será tomado pelo vermelho.
E você terá orgulho de cair.
De limpar o suor de quem lutou
De alimentar que batalhou
E mais ainda.
De lavar a alma de quem amou.



terça-feira, 14 de outubro de 2014

SOBRE A NUVEM QUE É VOCÊ

Nesse dia...
Em que eu nem entro na sintonia
Algo me desperta uma rápida alegria.
Essas coisas que gente do céu faz
Me traz
Paz.
Meu pequeno passarinho onipresente
Obrigada por esse presente.
E que no dia que eu vestir o véu
Você possa me jogar estrelas no céu.
E que nesses dias de tristeza...
Você apareça.
Nem que seja na natureza.
Numa nuvem, num passarinho,
Num sorriso, no olhar de alguém

SOBRE UM VAZIO


Minhas poesias
Andam tão vazias
Tão mesquinhas
E chatinhas
Que nem convencem a mim
Será que é meu fim?
Acabou o estopim?
Será que me falta um amor?
Um pequenininho...
Será que me falta um passarinho?
Como aquele que eu tinha
E nem logo amanhecia
Partiu com a lua fria...
Foi virar luz
E de certa maneira até me conduz
Acontece que ando sem graça
Sem raça
E eu queria até ser itinerante
Na busca de um amante.
Mas a verdade
É que sento na rua
Olhando pra lua...
Esperando ver você
E a inspiração tao esperada
Em mim descer!
PAULA VALENTINE

terça-feira, 7 de outubro de 2014

BILHETE



Hoje eu vou colar um bilhetinho lilás na porta da minha existência, com os seguintes dizeres:

Querida,
Pode se matar...
Porque eu tô fugindo com o circo
Um lugar que a razão não te deixa estar.
E você tá tão fissurada em vestibular
Que nem ta vendo a vida passar
Ta esquecendo até amar.
Então eu vou me mandar
Antes que me deixe contagiar
Com sua loucura de ficar querendo agradar.



SOBRE A CHATURA DO SER HUMANO


Me deixa quieta
Com os meus conceitos
Com as minhas ideologias
Com os meus amores
Me deixa quieta com as flores.
Com as fotos, com o partido, com a música velha...
Me deixa
Que eu não quero fazer mal a ninguém.
Me deixa no meu balanço.
Que de você eu já me canso.
Não me encha a paciência.
Não extrapole a decência
E pelo amor do Universo
não me deixa perder a consciência.
É num balanço
Que eu choro os lagos
É num balanço que eu me canso.
Tô cansada desses caras amargos.



A luz se derrama
No manto negro
Corrido no chão.
Enquanto um corpo
Se movimenta..
Se liberta...
Se tenta..
Arranca suspiros.
Tudo deve estar na vivência.
E será prudência a certeza de morrer ?!


ABRAÇO, SEJA O QUE FOR


Abraço.
Um laço
Feito com braços.
E não tem nada mais gostoso que esse amasso.
Reação endotérmica e exotérmica.
Um troca de calor
De amor
Um jeito de acabar com a dor.
Abraço
Seja o que for...
Um laço, um amasso.
Que quando eu chorar,
eu possa sempre te abraçar.
Que seu corpo expulse a minha dor.
E que o meu te cubra de amor.

SOBRE FLORESCER

Vem!
E não puder me trazer um amor
Me traga uma flor.
Que eu hei de ficar feliz seja com o que for.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

QUEM ÉS TU, MAR?


Venha!
E me traga essa espuma branca
Pra renascer minha alma.
Regenerar meu coração.
Venha!
E traga suas ondas
Para quebrarem nas minhas pernas
E me darem a estranha sensação de estar voando.
Que ao afundar meus pés nessa areia molhada,
eles formiguem e me causem risada.
Ai Mar, quem és tu? Que senão a própria paz disfarçada de água com som.
Quem és tu, que senão a própria natureza que canta
Quem és tu, que senão, o próprio mar.
Paula Valentine

" E EU QUE NÃO SEI NADA DO MAR, DESCOBRI QUE NÃO SEI NADA DE MIM."
Ana Carolina



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O SOLDADO E BAILARINA: UM DIA EM 64


Era verão
Sob o sol quente
Ela dançava com os pés no chão.
Tinha uma bonita alma
Sorriso elegante, sorriso belo
E vivia com calma.
Ana Terra era seu nome.
E como boa artista
Saciava a alma, mas não a fome.
Ele, soldado Ricardo Torres
Apesar de belo
Nunca morreu de amores
Tinha um compromisso com a pátria amada
Que apesar de ser pátria
Não era mais idolatrada.
Era um defensor do bem maior
Era mais fácil usar batina
Do que se atrever a apaixonar-se
Por uma bailarina.
Mas não foi assim que o destino propôs.
Na perdida noite de 64
Ela não estava em seu quarto.
Foi pra rua.
Gritar e protestar junto com a Lua.
Pelos soldados foi pisada, abusada e maltratada.
Acordou assustada
e por ele
Havia sido apanhada.
Nesse primeiro momento se odiaram.
Ela com seus amores utópicos
E ele com seus amores ideológicos.
E por serem extremos, eram dois sóis.
E agora mal podiam saber.
Que em breve estariam em maus lençóis.



(Continuação em Breve....

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

terça-feira, 22 de julho de 2014

O PASSARINHO QUE EU ROUBEI



Não há muito que fazer aqui em cima, na maioria do tempo é algo bem tedioso. Tocamos liras, voamos e ficamos fazendo coisas boas e ternas, somos puros. E apesar de toda impureza de vocês, são nossos objetos de adoração e proteção.
Minha morte? Não foi algo trágico nem catastrófico. Foi natural. Eu estava em casa, havia acabado de jogar bola,entrei, tomei banho, deitei e dormi, no outro dia quando acordei já estava aqui. Os médicos tentaram explicar à minha família o que houve, desde novo eu tinha problemas cardíacos, porém meus pais preferiram acreditar na tese “Ele cumpriu a missão dele, precisou partir.” Bem típico isso. Os outros anjos foram muito atenciosos e gentis comigo, porém toda essa bondade está chata!
Boa parte do tempo gosto de ficar observando o movimento das nuvens e até ouso causar-lhes movimento, para que assumam determinadas formas. Sempre acreditei que eram de algodão, e depois que vim para cima, tive certeza! As cores do céu, nós que pintamos com um sopro. Esse laranja-avermelhado do pôr-do-sol, o azul-anil, o lilás clarinho das auroras e o manto escuro.
Outra coisa que gosto muito, observar vocês. Sei que não é qualidade anjo, entretanto, sinto inveja. Uma vontade arrebatadora de pode correr novamente, uma vontade de ser humano, de novo.
E num desses dias, eu flagrei um, brilhando mais do que deveria.
Deixe-me explicar, daqui de cima, podemos enxergar todo o brilho de vocês, ou a escuridão. E ele brilhava tanto quanto uma estrela de primavera... dessas que eu adoro ficar perto.
Estava sempre andando com uma menina mais velha, que brilhava também, mas não tanto quanto ele. A principio pensei que eram namorados, depois ao reparar que ela era mais velha e a forma como se tratavam cheguei a conclusão que eram apenas amigos. Estavam sempre juntos, fisicamente ou virtualmente. Era fascinante a maneira como gostavam um do outro e como trocavam palavras absurdamente bonitas, pareciam até com senhor que me cumprimentou em uma nuvem anteontem, Mario Quintana era seu nome. O que achei que era mais uma de minhas tantas observações, começou a ser tornar rotina.
Todo santo dia, eu me debruçava na nuvem rosada para vê-lo. Nem tamanho esse menino tinha, não devia ter mais de 14 anos, mas a alma era imensa. E ele sempre tinha uma solução para todo tipo de tristeza que essa sua amiga tinha. Ele cativava, transformava.

__Com linceça._ Disse o moço de cabelo cacheado-baixo, óculos e barba, alguma coisa Russo o nome dele.

Assustei-me na hora.

__Que susto! Eu poderia ter caído. Se bem que, eu poderia voar de volta._ expliquei-me.

__Desculpe, não era minha intenção. Estou curioso. O que tanto observa meu protegido?

__Ah, o senhor é o anjo da guarda dele?

__Sim. _ responde com firmeza.

__Ah, percebi que isso daqui anda silencioso demais, é porque o senhor está ficando lá embaixo. Estou admirando, como é ser o guardador desse garoto?

Lembrei... Renato Russo, o anjo cantor! Ele deu um breve sorriso ao dizer:

__Não há tanto o que proteger assim, é mais admirar mesmo e guia-lo. Ta vendo a moça, são ótimos amigos, tenho a impressão que passa pela cabeça dos dois algo a mais que isso, mas não posso deixar acontecer. Eles gostam das minhas músicas, elas o protegem, mas que minha presença angelical.

__Maravilha! Mas o que ele tem, que não vi nos outros?

__Luz. Sabe que quando nascemos Ele nos dá uma luz muito grande, certo? E ao longo da vida nós mesmos com nossas ações destrutivas vamos apagando essa luz, no caso desse menino, a dele só vem crescendo, é claro, ele tem defeitos como qualquer um e erra também, mas exercita algo muito interessante, ele perdoa a si mesmo, por ter errado. Certo dia, comentei com um amigo meu, o Caju, que achava que esse menino era um passarinho gigante. _ explicou pacientemente.

__Passarinho?

__Sim, passarinho, vê o quão leve ele é? _ diz o Sr.Renato apontando para o menino, que estava ao lado da moça descendo uma avenida e ambos estavam brincando e rindo.

Olhei fascinando.

__Seu Renato. Quando ele vem?

__Ah, não sei lhe falar, meu trabalho é justamente fazer que ele demore a vir, se bem que sua companhia aqui seria adorável . Enfim, vou consertar minha asa quebrada e descansar. E apesar de ser anjo, percebi que você é um animal sentimental que se apega facilmente ao que lhe desperta o desejo. Tome cuidado hein!

__Sim, senhor obrigado!

Renato deu um sorriso e saiu andando. Ele estava com a asa torta. Quando sua imagem se afastou, tornei a fitar os olhos nos dois lá de baixo. Estavam se despedindo, se abraçavam forte. Percebi que não havia ninguém olhando, então dei uma escapada e desci para ver o porquê estavam se deixando.


A cena era bonita, a energia do abraço era pura, diferente.

__ Quanto tempo vai viajar?_ Perguntou a moça.

__Ah, uma semana mais ou menos. Mas pra mim será quase um século.

__Vou sentir saudades. _ diz ela com uma voz triste.

__ Eu não. _ disse ele.

__ Sério?! Chato!

__ Por que eu sentiria saudades? Tem tanto de você em mim que eu sinto que estou com você o tempo todo.

__Ah. Mas ainda sim, apesar de ter muito de você em mim também, a sua melhor parte, você carrega com você, o abraço.

Eles se abraçaram de novo e ele cochicha algo no ouvido dela que consigo ouvir.

__Quer ouvir um segredo?

__Fala.

__Vou morrer de saudades.

__Não, não morre não! Sinta até doer, mas não morre!

A energia cósmica do abraça se expande, foi algo fenomenal.

_Eeeeeeeeeeei, quer fazer o favor de subir. _grita um velho lá de cima.

Assustado com o grito e inundado com essa catarse, voei para cima rapidamente e quando olhei de relance cada um já tinha tomado seu rumo. Ao pisar na nuvem um senhor me olha, meio mal humorado mas logo desfranzi a testa.

__ O que fazia lá embaixo, meu jovem?

__ Estava observando...

__ Hummmm... Por que não se contenta em observar aqui em cima?

__Porque eu queria ver de perto

__ Não é bom ficar descendo lá pra baixo ouviu bem, e se descer de novo, terei que leva-lo ao Gabriel.

Forcei uma cara de arrependido até o velho anjo se retirar. Já estava escurecendo, e nesse manto escuro procurei uma estrela pra brincar com ela.

Os dias foram se passando e eu ficava cada vez mais obcecado. Até que não agüentei mais. Era manhã de domingo, ele estava arrumando as coisas para retornar.

Procurei o senhor Renato, e o achei em cima do Sol junto à outro moço de cabelo cacheado, o tal do Caju. Os dois tocavam violão de algodão das nuvens.

__Seu Renato! Seu Renato!

__Calma! Ainda é de manhã... O que houve?_ ele parecia preocupado.

__Precisamos trazê-lo. Isso aqui ta um saco! Se ele subir imagine o quanto ficará mais divertido.

__ Não é assim que acontece. _ Responde Caju. _ Não é igual a toda borboleta que só vive 24hrs, cada ser humano tem um tempo diferente.

__ Isso, e além do mais, está sendo egoísta.

__ Nenhum passarinho chega até aqui. Podíamos ter um...

Renato encarou Caju, no fundo eles também já haviam reparado no brilho do menino, e não podiam deixar de expressão uma vontade de posse.

__ Ele não concordaria. _ Disse Renato.

__ Mas, Ele não precisa saber... _ retrucou Caju.

__ Eu tenho um plano.

Conto o plano para os dois e concordam e realmente faz sentindo. Preparamos tudo para que ninguém desconfiasse.




Na fria madrugada, aconteceu. Eu toquei em sua alma e puxei. Ele não entendeu, não compreendia que não estava mais no corpo. Ao ver Renato abriu um largo sorriso.

__Calma, morrer não dói. _ disse Caju puxando suas asas pra fora, elas eram grandes para alguém do tamanho dele e infinitamente brancas. Todos subimos.

Chegando lá em cima, ele percebeu. Estava morto. Queria voltar. Renato explicou que não há como e blá blá blá, bom, quando todo mundo morre é função do protetor explicar essas coisas. Apesar de enquanto vivos sabermos dessa verdade.

__ Mas eu precisava ver minha amiga amanhã, não é justo! E meus pais? O que vou fazer?Preciso voltar! Deixem-me voltar!_ estava apavorado

__ Seus pais vão ficar bem, garoto! Olha quando eu morri por causa da doença, as pessoas ficaram tristes, eu fiquei, queria minha mãe, mas percebi que tudo que eu poderia fazer lá estava feito e que a minha mensagem havia sido passada. Morrer foi parte do meu show, e agora é parte do seu também._ Explica Caju.

O mais novo anjo não se dá por satisfeito.

__Seu lugar é no céu, aquilo lá era ruim demais pra você! _ tento deixa-lo animado.

__Eu sei._responde triste._ Mas era de lá que eu gostava, penso que talvez eu pudesse fazer alguma coisa pra mudar, mas agora é tarde. Eu precisava vê-la.

Eu não podia esconder minha certa felicidade pelo fato de ele agora estar com a gente, mas me senti culpado, pela tristeza evidente em seu olhar.

__ Você vai gostar, podemos brincar com as nuvens, com as estrelas e a Lua de vez em quando permite que a gente durma nela. _ Tento alegra-lo.
Ele dá um sorriso fraco.
Acho que não foi uma boa idéia tê-lo trago. Renato precisava falar com Ele, e dar uma desculpa, dizer que não pode impedir.
Ele ainda tinha luz, mas estava tão triste. Nos primeiros dias é assim mesmo, até a gente se acostumar. Logo ele iria adorar ficar no céu, ele gosta de muita gente que está aqui.
O deixei com Renato, dei uma olhada lá pra baixo e vejo aquela moça.
Está desesperada, a tristeza dela é inconsolável, quer ficar sozinha. Desenha ele em todo lugar que vai, tenta ligar e tem esperança que ele atenda apesar de saber da impossibilidade, a luz de sua alma vai sendo derramada nas lágrimas que ela chora. Jamais pensei que a ligação era tão forte. Ela queria poder abraçá-lo uma última vez, apesar de odiar despedida. As pessoas à sua volta tentam de alguma maneira consola-la, mas é inútil. Ela quer que ele o console, e ele já não pode mais.

Sinto-me terrível e egoísta. Talvez agora mude suas opinião sobre nós, os anjos.

Com o passar dos dias, eu tentava anima-lo, ele já estava melhorando, mas o via tão pouco.

__Caju?

__ Fala camarada!

__ Você viu o menino-passarinho?

__Está na rosada alta. Ali ó!_ diz ele apontando


__ O que será que ele está fazendo?_Ambos observamos.

__Está olhando pra ela. E o interessante, embora ela não o veja, está olhando pra ele também.
As luzes de ambos, aos poucos vão se acendendo.
E pude compreender, tem muito dele na alma dela e muito dela na alma dele. E apesar de eu o ter aqui em cima agora. Sei que ele passará o resto dos dias ali, olhando pra ela.
18/07/2014

Onze dias sem você.
Apesar de tudo, eu não te vejo, mas estarei olhando pra você o tempo todo!

terça-feira, 1 de julho de 2014

PARA O MENINO QUE BORREI DE BATOM VERMELHO

Amor, acho que estou enlouquecendo... Decidi escrever meu último poema, porque escrever tem me torturado, escrever histórias que não são minhas, fluir amores que não amei, matar almas que nem se quer são minhas... Assim quero meu último último poema... Queero que seja terno, dizendo as coisas mais simples e menos intencionais. Que ele arda como um soluço sem muitas lágrimas. Quero nele a beleza de todas flores murchas quase sem perfume... Escreverei com a paixão dos suicidas que se matam sem explicação... Me inspiro na cor dos seus olhos e no gosto bom da sua pele... Desenho você... Com palavras e sentimentos... Meu último poema... Será? Acho que não... Vou ficar louca,biruta Maas não deixarei nunca de te desenhar nas linhas do meu caderno velho. Amor, se eu parar de escrever, enlouqueço? Você fica louco comigo? Para o menino que borrei de batom vermelho.



sábado, 14 de junho de 2014

O CÉU QUE CAIU

"Diferente dos filmes americanos onde acontecem emocionantes declarações de amor e todas as pessoas do aeroporto aplaudem o casal, ninguém reparou em Manoel e Ângela. E embora os dois estivessem profundamente chateados não havia necessidade de expressar um ao outro, isso só causaria mais sofrimento. E a única coisa que ela pedira ao menino foi que lhe escrevesse uma carta contando como era estar na presença das nuvens. Ambos abriram sorrisos falsos como se tivessem se conformado, mas na verdade, nunca estiveram tão tristes."
O CÉU QUE CAIU

sábado, 7 de junho de 2014

TEMPO DE SER SOL



Minha estranheza é quase vulgar! Confesso que adoro ficar observando o céu e suas mais diversas formas, o formato das nuvens me seduz... Quando o Sol se vai por entre as colinas da Serra cria em mim uma mágoa profunda, de fim.
De noite é tempo de estar com ele, de sermos luz no abismo itinerante...
Mesmo sem o Sol. De noite é tempo de sermos o Sol.

Foto de Wemerson Moreira 

terça-feira, 27 de maio de 2014

"NOVO MUNDO"

Equilibrar-se entre o real e o surreal... Aqui não é o suficiente... Então vamos nos trancar no quarto, ouvir Nick Cave e imaginar e corporificar nossa loucura, nossos desejos... Vamos viver nosso universo pararelo, onde não há rotulação, nem finanças, nem nada... Apenas a boa e velha utopia. E depois, vamos abrir a porta, respirar bem fundo e ir pra rua, de fato, viver. E talvez possamos enxergar nessa paranoia, pequenos fragmentos do nosso universo, pessoas tão esquisitas quanto nós (sim, esquisitas, adoro essa palavra, e vou usá-la como eu quiser.) Se quisermos, podemos ver a cada nascer do sol uma silenciosa ternura, no sorriso de uma criança, a inocência, nos olhos de quem amamos um abrigo puro... E no entardecer, se olharmos para o horizonte, teremos então, aquela sensação utópica... E estaremos na linha que divide real e surreal. Estaremos na linha da loucura e da sanidade. Estaremos na linha da humanidade!
Viva. Abra os olhos. Calce os sapatos e ponha os pés para fora de casa. Assistir apenas, com os pés descalços e nuvem nas veias, não é opção.Detesto calçar sapatos... É uma formalidade
No mundo em que vivemos, é uma obrigação. Na nossa nação utópica, todos andarão descalços e serão livres para ser presidentes de suas aspirações.Em nossa nação utópica, vizinha fronteiriça de Parságada, onde todos podem ser amigos do rei, não coroaremos pessoas, mas sim apenas conceitos intocáveis, nosso governo será anarquico e cada um será livre para cuidar de sua própria alma.Assim seja...Na verdade, precisamos renascer! Em uma nova era.... Onde não exista individualismo. Onde não exista posse.Pois bem. Vamos fundar nossa nação

CONTRIBUIÇÃO POÉTICA DE MILEIDE MOURA




LIBERDADE?

Estamos presos!
Até para se expressar, somos obrigados a seguir um padrão culto da língua...
As palavras precisam ter coerência, concordância nominal, verbal. A poesia precisa ter métrica perfeita... Como se nossos pensamsntos fossem assim. Atores presos à textos e marcações, dançarinos presos à coreografia.
Estamos presos, a leis, tradições, ao nosso corpo.
A ideia é se expressar, se libertar... Mas se até a liberdade é milimetricamente presa, como faz?
Quando de fato seremos livres?


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Reflexo de um Mundo "Evoluído"

Vazio agudo no Universo....

Copos transbordando tristeza e decepção
Existências vazias
Amores falidos, empresas fracassadas
Passarinhos pressos, rosas que não exalam perfume
Mulheres que não sonham, homens que não sonham...
Crianças que sonham demais...
Estrelas que choram, o Céu que não quer mais nascer...
VOCÊ ENTREGOU SUA ALMA DE BANDEJA E ELA FOI DESPEJADA NUMA PANELA E DEPOIS DEVORADA PELOS LOBOS DOS SEUS SONHOS MAIS SOMBRIOS.
A Terra nunca esteve tão desesperada por alento.
Sobre sentimentos não sei nada... De amor, de tristeza, de catarse, não compreendo nada disso.
Sei que devido a maneira que foram rotulados, em alguns momentos devo sentir...
Mas já tive a impressão de que nos períodos amorosos e felizes eu estava tão entediada. E nos períodos amargamente triste, eu estava me sentindo muito bem.
Eu não compreendo mesmo...
Talvez, única previsibilidade é saber que depois de um grande extase virá, invariavelmente, alguma tristeza...
Talvez eu seja um reboliço de sentimentos caminhando por aí.









Escrevo. E me perco entre tantas palavras e sentimentos mesquinhos... Vivo na beirada de uma folha de papel, pronta para,ser virada e deixada para trás... Me sinto como um poema de Sarah Kane, ou como um dos fragmentos de Virginia Woolf.
Para a caneta contei meus segredos obscuros e desejos sujos e ela compreende muito bem.
No final das contas, não quero acabar no fundo de uma gaveta mofada... Quero ser lida, interpretada, apreciada e ser apresentada ao mundo em minha verdadeira forma.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

APERTO


Há um aperto no ônibus, nos prédios, em casa, na vida... Vivemos apertados... apertados de contas, apertados para usar o banheiro...Há um aperto na praia em Janeiro, há um aperto na fila do banco, há um aperto em casa e na vida... Há um aperto no peito...









CARTA I

                   “Uma carta sobre cabelo”

Hoje em dia não tenho mais tanta vontade de sorrir, como tinha naquele tempo que você trançava meu cabelo e arrancava minha roupa. Lembra-se?
Parecíamos duas borboletas voando entre os lençóis, éramos tão jovens...
Ontem eu cortei meu cabelo. Foi como passar uma faca no meu peito... Mas os cravos estavam murchos e as rosas já não tinham um cheiro muito agradável... Os galhos estavam secos... Não tenho mais tanta vontade de sorrir.
Lembra aquela noite luminosa? O céu negro e profundo... Eu e você, no calor de nossos braços, dormimos no telhado.
Pela manhã, você trançou meu cabelo, e nos abraçamos forte. Era cinco e pouco da matina, o violeta mesclava-se com um rosa queimado trazendo o sol, e nós dois no telhado, éramos tão jovens...
Ontem eu dormi no sofá, entre um tanto de contas atrasadas e cartas de amor. Estava frio, e não tinha seus braços morenos pra me aquecer, pensei que ia morrer de frio, mas não morri.
Hoje já não sou tão jovem, meu cabelo não é tão bonito e sinto muito frio...
Lembra quando você tirava rosas dos meus cachos? Onde é que você está?
Estou com abstinência dos seus beijos e de como você apertava a minha mão. Mais que isso, sinto falta de quando acordávamos no domingo de manhã e antes de irmos à praia, você tirava orquídeas amarelas do meu cabelo e enfeitava a mesa da sala.
Onde você está? O telhado é tão frio sem você...
Amor... E se não nascer mais flores em meu cabelo? È que ontem estava com tanta raiva de você... Odiei-te tanto, por sair e não deixar um bilhete avisando se pelo menos voltaria me deixar nesse frio cortante, que cortei! Cortei tudo... E agora?
Será que sobrevivo sem meu jardim na cabeça? Será que sobrevivo sem você?
Lembra de quando você disse que teríamos uma filha? Eu queria te-la nesse momento,talvez não me sentiria tão sozinha ou com tanto frio... Nós éramos tão jovens.
Amor lembra-se das margaridas de verão? Nessa época a gente tinha dormido naquele sofá velho que ficava em cima da laje, você adora tirar as margaridas do meu cabelos e me dar de presente, sorrio ao lembrar disso. Eu não sorria há tanto tempo...
Enfim, minhas flores murcharam, meus sorrisos morreram, minha filha nunca a tive, o telhado é frio... Você nunca me pertenceu...
Amor, só lembrando, avise-me quando for voltar ( sei que não fará isso, sei que não vai voltar) para eu deixar meu cabelo crescer pra você trança-los e sermos jovens novamente.
Está saindo uma raiz! Se conheço bem... só pode ser um lírio! Estou rejuvenescendo amor!!! Sem você.
Onde você está? Você adorava os lírios.
O Sol se pôs e você não voltou...


PALAVRA, CÉU E AMOR



Com certa frequência ouvimos que o signo da sociedade contemporânea está centrado no sentido visual e que a palavra vem perdendo espaço para a imagem. Analisando sob outro ponto de vista, no entanto, a palavra está em tudo que cerca o nosso cotidiano e marca as explosões contemporâneas – está na lamentação diária do Facebook, nos cartazes das manifestações que reivindicam, na brevidade do SMS e do Twitter, nas pichações que conversam com a paisagem urbana… A palavra mais bem explodiu, se descolou do texto e ganhou novos contornos, a palavra está em expansão.

No entanto a palavra poética que dá alento a nossas almas precisa ser digerida ao menos uma vez por dia. O corpo precisa de alimento. A essência também.

Tudo parte da sensibilidade e da observação.

Apresento à vocês o ESCRITAS DE CÉU E DE AMOR.

Por que Céu?


Céu é o nome pelo qual se conhece o panorama obtido a partir da Terra ou da superfície de outro astro celeste qualquer quando se olha para o universo que os rodeia.


Em ausência de atmosfera o céu mostra-se negro, e nele destacam-se nitidamente as estrelas e demais astros. Em presença de atmosfera, durante o dia, o céu terrestre mostra-se azulado, e a dispersão da luz estabelece intensidade média de luz que normalmente ofusca os demais astros celestes à exceção do sol e da lua, não sendo aqueles visíveis no céu durante o dia.


Nuvens e outros elementos climáticos também afetam o céu, determinando por vezes belos panoramas. As auroras constituem outro exemplo entre os fenômeno atmosférico que podem influenciar diretamente o céu, não obstante fazendo-o de forma a embelezá-lo.


O céu é a minha principal fonte de inspiração e uma das maiores riquezas da humanidade.


Por que Amor?


Quando se fala em amor a primeira coisa que vem a cabeça das pessoas é a relação afetiva entre duas pessoas. Mas cá entre nós... amor é muito mais que isso. Sobre o céu tenho uma definição fixa, sobre o Amor não, afinal detesto rotulações...e o amor, sentimento muito íntimo e acredito que cada um deve ter o seu.





Juntando o céu (objeto de pertencimento mútuo) e o amor (sentimento individual) obtemos as escritas, poéticas ou não, dramáticas ou cômicas. E espero despertar um interesse gradativo nos leitores a respeito do Céu... do Amor... e da Vida!






p.s. TODAS AS FOTOS DE CÉU QUE SERÃO POSTADAS, EU MESMA RETRATO DO QUINTAL DA MINHA CASA.


                                           Foto tirada no dia 12 de Abril de 2014 às 5h48